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Biografia
A romena Berta Gleizer chegou ao Brasil em 1930, junto com seu pai e sua irmã. Com as vidas marcadas pelos acontecimentos
políticos do período, a família judia logo foi desfeita: a mãe suicidou-se e o pai, perseguido pela polícia romena, veio para o
Brasil com as filhas. Jenny, a irmã, acusada de ações subversivas pelo governo brasileiro, foi presa e extraditada. A história de
sua fuga não está bem esclarecida pela literatura, mas ela conseguiu escapar do campo de concentração em Paris. Reencontraria
Berta anos mais tarde. Motel Gleizer, o pai, saiu do Brasil em busca da filha e não retornou. Sabe-se que morreu na França. Berta
permaneceu no Brasil sob a guarda do Partido Comunista do Brasil (PCB) e conheceu Darcy Ribeiro em um comício em 1945,
quando começaram a namorar. Alguns anos depois, em 1948, já casados, ela o acompanhou em sua pesquisa de campo junto aos
índios Kadiwéu no pantanal mato-grossense, dando então os primeiros passos naquela que seria sua atividade profissional: o
estudo dos povos indígenas do Brasil. Nos anos seguintes, colaborou com Darcy na organização dos dados, bem como na redação
do livro deste sobre arte, religião e mitologia dos índios Kadiwéu. Nesses mesmos anos, graduou-se em Geografia e História pela
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Distrito Federal, atualmente Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Em 1953, começou a trabalhar no Museu Nacional na qualidade de estagiária. Fixou-se, então, no estudo da cultura
material dos povos indígenas do Brasil e no tratamento e conservação da coleção deste museu. Publicou, ao longo de sua vida,
vários trabalhos nesse campo, a começar por um estudo da arte plumária em colaboração com Darcy Ribeiro – Arte Plumária dos
Índios Kaapor –, premiado pela Academia Brasileira de Letras. Em 1958, demitiu-se do Museu Nacional e mudou-se para
Brasília, onde colaborou com Darcy Ribeiro e Eduardo Galvão no planejamento e implantação do departamento de Antropologia
da Universidade de Brasília. Mais tarde, acompanhou o marido – exilado – e viveu no Uruguai, Chile, Peru e Venezuela. Em
1973, iniciou o mestrado em Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de Lima, que não chegou a concluir devido a
seu regresso ao Brasil. Sua dissertação tinha o seguinte título: Crianças trabalhadoras: trabalho e escolarização do menor em
Lima, Peru. De volta ao Brasil, em 1974, Berta trabalhou na Editora Paz e Terra, realizando atividades de programação, editoração,
revisão e preparo de textos. Como desejava retomar os estudos na área da Antropologia, Berta solicitou, em 1976, bolsa de
pesquisa ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq para desenvolver o projeto “A arte do
trançado dos índios do Brasil”. Nesse período, retornou aos estudos no curso de pós-graduação em Antropologia Social da
Universidade de São Paulo, que concluiu em 1980, defendendo a tese: A civilização da palha: a arte do trançado dos índios do
Brasil. Nessa tese, Berta iniciou a elaboração de uma taxonomia das técnicas e formas do acervo cesteiro dos índios brasileiros.
Segundo a própria titular, esse objetivo pôde ser plenamente atingido com a elaboração do seu Dicionário do Artesanato Indígena
(1988). Para a realização da pesquisa que deu origem à tese, Berta visitou o Parque Nacional do Xingu em agosto de 1977,
entrando em contato com as tribos Yawalapiti e Txikão, no sul do parque, e com os Kayabí, ao norte. Viajou também a Aracati,
no Ceará, para observação da confecção do trançado sertanejo da palha de carnaúba. Em 1978, realizou expedição aos afluentes
do Rio Negro (rio Uaupés e Tiquié) e do Rio Içana (Rio Aiari) para estudar o trançado indígena. Durante sua estada nessa aldeia,
Berta ajudou dois índios Desãna (Tolamãn Kenhirí e Umúsin Panlõn Kumu) a dar redação definitiva a um conjunto de mitos que
se tornou livro em 1980 (Antes o mundo não existia). Essa publicação foi bastante elogiada pelo público em geral e pela
comunidade científica, sobretudo em virtude da atitude pioneira de Berta de cessão dos direitos autorais para os dois autores
indígenas. Nesse período, participou também do Movimento Feminino pela Anistia e da Campanha pela Demarcação das Terras
Indígenas, coordenada pelo Conselho Indigenista Missionário – CIMI. De 1976 até 1985, Berta foi assessora e pesquisadora,
juntamente com outros antropólogos, do projeto “Etnologia e Emprego Social da Tecnologia”, iniciado a partir de um convênio
entre a Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP e o Museu Nacional. Em 1981, visitou as aldeias dos índios Asuriní e Araweté
com o médico e fotógrafo Frederico Ribeiro. Como resultado dessa viagem, eles produziram os documentários Asuriní: fuso e
fio, Asuriní: barro e corpo, Araweté: técnicas primitivas e Araweté: a índia vestida, integrantes do projeto Artes têxteis indígenas
do Brasil, do Museu Nacional/UFRJ, de 1982, que conquistou o segundo lugar na categoria filmes em videocassete no XV
Festival do Filme Científico do Rio de Janeiro. Em 1983, coordenou a exposição Cultura indígena do Brasil, parte do projeto Inventário do acervo etnográfico brasileiro na Itália, promovido pela Fundação Roberto Marinho, pelo Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo e pela Soprintendenza Archeologica di Roma,
do qual resultou um catálogo geral, uma exposição e um livro: A Itália e o Brasil Indígena. Nesse ano, conquistou o primeiro
lugar no concurso “Ano Interamericano do Artesanato”, promovido pelo Instituto Nacional do Folclore/FUNARTE para o
trabalho Artesanato indígena: para que, para quem?. Em maio de 1985, foi contratada pela Fundação Nacional do Índio para
coordenar o setor de museologia do Museu do Índio, ficando lá até novembro do mesmo ano. Em 1987, foi chamada a ser
professora visitante da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no âmbito do mestrado em História e
Crítica da Arte. Retornou ao Museu Nacional, em setembro de 1988, como professora-pesquisadora do Programa de PósGraduação em Antropologia Social, tornando-se também bolsista do CNPq por ter obtido o primeiro lugar no concurso público
para este cargo. Foi professora visitante na Universidade de Campina Grande, na Paraíba, na Universidade Católica de Goiás, no
Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro e na Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais - FLACSO, em Quito, no
Equador. Além de Antropologia, lecionava nas áreas de Museologia e Etnobiologia. Ao longo de sua vida, Berta organizou várias
exposições, dentre elas Amazônia: Urgente: cinco séculos de história e ecologia, montada em Brasília, Salvador, São Paulo, Rio
de Janeiro, Paraná e Pará, da qual resultaram os catálogos de mesmo nome, com edição em inglês e em português, e pela qual
recebeu o Prêmio Nacional de Ecologia, conferido pelo CNPq. Além dessa exposição, também organizou Os índios das águas
pretas: uma área cultural do noroeste do Amazonas; Arte plumária do Brasil; Meios de comunicação e culturas pré-industriais;
Mostra comemorativa do primeiro centenário da exposição antropológica de 1882; Brasilidades: Amazônia e a França e Mito
e morte no Amazonas. Em 1994, participou da formulação conceitual dos desenhos animados integrantes da série Mito e morte
no Amazonas, baseado em mitos Desâna e desenhados por Feliciano Lana. A série compõe-se de três curtas animados: Gaín
Pañan e a origem da pupunheira, Bali Bó e O começo antes do começo. Dos três, apenas foi concretizado o primeiro. Em 1995,
recebeu a medalha de Comendadora da Ordem do Mérito Científico, conferida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em sua
própria casa, uma vez que o câncer, instalado em seu cérebro, já avançado, a impedia de viajar. Desde o final de 1995, Berta
entrou em coma, no momento em que se encontrava pronto para publicação o livro Índios do Brasil: 500 anos de resistência,
encaminhado por Darcy Ribeiro à editora UnB. Esse livro era também o guia do Memorial dos Povos Indígenas do Brasil, que
sucedeu o Museu do Índio de Brasília. O primeiro projeto de exposição elaborado por Berta Ribeiro para esse Museu recebeu o
nome de “Índios do Brasil: cultura e identidade” e era destinado a guiar a exposição que seria montada no prédio desenhado por
Oscar Niemeyer em modelo de oca Yanomami. Esse prédio, construído no final da década de 1980, acabou destinado a um Museu
de Arte Moderna. Já na década de 1990, outro projeto arquitetônico foi elaborado, também por Oscar Niemeyer, e Berta adaptou
seu guia para uma nova exposição, a qual deu o nome de Índios do Brasil: 500 anos de resistência. Berta Gleizer Ribeiro faleceu
em novembro de 1997.
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- português do Brasil
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- latim
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Estado de conservação: Bom
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Nível de detalhamento
Datas de criação, revisão, eliminação
Criação: [12/12/2022]
Idioma(s)
- português do Brasil
Sistema(s) de escrita(s)
- latim
Fontes
Nota do arquivista
A transcrição da descrição desses impressos foi feita a partir dos Inventários dos arquivos pessoais de Darcy e Berta Ribeiro. A transcrição foi feita, na íntegra, para o AtoM_UnB por Júlia Borges.